Documentos históricos como recurso didático no ensino de história
Leonardo Paiva de Oliveira
Graduando em História - UFRN
Dhierclay de Souza Alcântara
Graduando em História - UFRN
Paulo Sergio da Silva
Graduando em História - UFRN
Resumo
O ensino de história é tido como um elemento fundamental para o
desenvolvimento de uma consciência histórica que implique no envolvimento do indivíduo
na sociedade que o cerca, sabendo este analisar de maneira crítica tudo aquilo que o
envolve perante as relações sociais. Sendo as formas de ensino muitas vezes
precariamente trabalhadas em sala de aula, os alunos do ensino básico acabam por ter
uma formação defasada e longe daquilo que se pretende ao ensinar história. Este
trabalho abordará então um dos vários recursos que os professores podem utilizar na sua
prática de ensino, contribuindo de maneira significativa no processo cognitivo do aluno. A
utilização de documentos históricos no ensino de história é uma alternativa positiva para
despertar no aluno o interesse real de como se trabalha a história, desconstruindo a ideia
de uma disciplina meramente acumuladora de fatos e memorização dos mesmos. Um
documento não pode ser utilizado apenas para ilustrar fatos, mas sim para desenvolver
no aluno uma capacidade de análise daquilo que o cerca, contribuindo desta maneira
para o desenvolvimento de uma consciência crítica por parte do discente. Para a
realização de tal trabalho serão utilizados determinados documentos que se encontram no
arquivo da Arquidiocese de Natal, junto a uma pesquisa nas salas de aula sobre o
conteúdo ministrado em turmas do ensino básico a fim de utilizar alguns documentos da
arquidiocese como ferramenta de apoio no processo de aprendizagem. Pretendemos
então estimular uma reflexão por parte dos docentes e discentes sobre a importância da
utilização de documentos na construção do saber histórico.
Palavras-chaves:
1) Ensino de história; 2) Documentos históricos; 3) Consciência
histórica.
A construção do saber histórico em sala de aula nos faz refletir sobre a
importância da história na vida prática do estudante e até que ponto o ensino desta
disciplina está contribuindo na formação da cidadania do mesmo. Segundo Luiz Fernando
Cerri:
Talvez essa seja uma das contribuições mais importantes do pensar
historicamente para a construção da cidadania: a capacidade de
entender e posicionar-se diante de visões de mundo, de explicações
gerais ou fragmentárias sobre a sociedade, que utilizam
conhecimentos sobre o tempo. (CERRI, 200, p. 65).
Tendo em vista o déficit que se encontra o atual momento da educação básica
brasileira e como a história vem sendo precariamente trabalhada, nos faz querer reavaliar
certas concepções práticas de ensino tradicional, que não vêm
contribuindo
significativamente no seu papel social, e por isso, procurar alternativas que possam
potencializar o ensino e o aprendizado.
Dentre algumas alternativas, escolhemos trabalhar com documentos históricos
na sala de aula, mais especificamente o jornal
A Ordem
, veículo de informação que se
encontra no arquivo público da Arquidiocese de Natal. Optamos por tal jornal pelo fato de
ser um documento que foi muito influente no século passado, no que diz respeito à
circulação de informações do Brasil e do Mundo para a sociedade natalense, bem como a
sua importância enquanto um veículo de mídia que pode ser trabalhado em sala,
estabelecendo paralelos com outros tipos de jornais (impressos, televisivos, eletrônicos,
etc.) da atualidade a fim de despertar o caráter crítico e reflexivo dos alunos.
Ensino de história e consciência histórica
O ensino de história tem como um de seus principais objetivos o
desenvolvimento da consciência histórica por parte do aluno e que com isso ele possa
desenvolver uma analise crítica sobre sua interpretação do mundo humano e social,
capacitando-o a se situar mais adequadamente ao seu tempo. A consciência histórica é
uma capacidade que é inerente a todos, mas precisa ser maturada, e como já foi dito
anteriormente, é justamente através do ensino de história que ela poderá ser trabalhada.
É importante destacar que esse processo de conscientização não é simplesmente dar
consciência a quem não a tem, mas sim, atuarmos como pontes para a construção desse
saber, de certa maneira em que a nossa própria consciência não saia da mesma forma
que entrou, pois no processo de ensino aprendizagem, seja ele qual for, deve existir uma
dialogicidade entre educando e educador, o que possibilita o aprendizado mútuo.
Agora, o que é exatamente consciência histórica? Não existe um consenso
sobre a sua definição, assim como muitas coisas na história, ela vai de acordo com o
pensamento de cada autor mostrando a questão da relatividade histórica. Iremos,
entretanto, nos basear principalmente no pensamento de Jorn Rüsen, segundo ele a
consciência histórica é:
A suma das operações mentais com as quais os homens
interpretam sua experiência da evolução temporal de seu
mundo e de si mesmos, de forma tal que possam orientar,
intencionalmente, sua vida prática no tempo. (RÜSEN, 2001,
p. 57).
Em suma, é a capacidade de relacionar o passado ao presente e obter
orientação para o futuro. Algo muito interessante nisso é como o conhecimento histórico é
tido como fundamental para a vida prática de todos, sem exceções, tirando aquela ideia
de ser apenas um conhecimento lúdico e de que a história é a ciência do passado e
resume-se a isto. Somente quando a história deixar de ser um mero acúmulo de
informações passadas e passar a ter uma reflexão acerca de seu conteúdo que gere
perguntas e respostas ao indivíduo, é que ela poderá se tornar fator de determinação
cultural da vida prática humana. “Agir, enfim, é um processo em que continuamente o
passado é interpretado à luz do presente e na expectativa do futuro, seja ele distante ou
imediato.” (CERRI, 2008, p. 29). A consciência histórica não se resume ao passado e à
memória, mas às projeções que fazemos para o nosso futuro e ainda, segundo Rüsen:
A consciência histórica não é idêntica à lembrança. Só se pode falar
de consciência histórica quando, para interpretar experiências atuais
do tempo, é necessário mobilizar a lembrança de determinada
maneira: ela é transportada para o processo de tornar presente o
passado mediante o movimento da narrativa. (RÜSEN, 2001, p. 63 )
.
Seria exatamente a resposta àquela clássica pergunta que norteia a cabeça de
muitos, principalmente dos estudantes do ensino básico que não conseguem ver a razão
de estudar o que já se passou: “por que estudar história?” E muitas vezes não conseguem
ver por serem desde os anos iniciais de ensino, mal instruídos. Um dos principais
responsáveis por responder a tal indagação é o profissional de história cumprindo com o
seu papel de professor. Afinal, todo professor de história deve ser um historiador, e como
tal deve saber guiar os seus discentes de maneira que os despertem para o verdadeiro
significado da história, sendo necessário que isso seja trabalhado da maneira correta.
Vale salientar que quando dizemos “ser trabalhado da maneira correta” não queremos de
forma alguma delimitar a uma única possibilidade, pois isso seria, sob a nossa óptica,
empobrecedor.
Documentos e ensino, uma relação necessária
Apesar do amplo debate que há bastante tempo vem se prolongando no âmbito
do ensino da história de que é necessário modificar a forma pedagógica de como se
trabalhar em sala de aula, ou até mesmo fora dela, ainda hoje não observamos as
mudanças que na teoria já estão mais do que claras. É consenso no meio acadêmico de
que a história factual que visa simplesmente acumular fatos acriticamente é uma
abordagem ultrapassada e não cumpre com os verdadeiros propósitos da disciplina.
Professores muitas vezes desmotivados, seja por péssimas condições de trabalho, como
a má remuneração e a falta de estrutura e tempo ou por outros motivos como má
formação acadêmica, terminam se adaptando à sua realidade, impossibilitando, dessa
maneira, que aquele conhecimento teórico pedagógico, tido como mais apropriado, que
muito deles até conhecem, seja posto em prática devido às dificuldades citadas. Assim,
buscar maneiras que se adaptem a realidade prática do ensino, leva-nos a buscar
metodologias mais eficientes que auxiliem no processo de ensino aprendizado.
Uma proposta interessante seria abordar os documentos históricos em sala de
aula, se bem trabalhados darão uma contribuição importante no processo de
aprendizagem, pois possibilitaria o contato com o “real”, levando a uma compreensão de
situações concretas do passado até então apenas idealizadas. Um documento histórico
antes era uma preocupação exclusiva dos historiadores para produzir história, agora já
são utilizados como meio didático para auxiliar no aprendizado dos não especialistas, no
caso, os discentes. Vale salientar que através dos documentos os alunos passarão a
participar de forma ativa na aula, deixando de serem sujeitos passivos que apenas
serviam como receptáculos das informações jogadas pelo professor, tornando-se sujeitos
ativos no processo do conhecimento.
Muitas vezes a dificuldade maior do professor é fazer com que o estudante se
interesse pelo o que está sendo ministrado em sala de aula. O documento histórico entra
aqui como um elemento de estímulo para o aluno por se tratar de um material mais
atrativo e diferenciado das aulas tradicionais, pois o aluno que está acostumado a ir para
a sala de aula, se sentar e ficar ouvindo o professor falar sobre determinados
acontecimentos, termina vinculando uma imagem negativa à disciplina, como algo
enfadonho e sem graça. Apenas o fato de se ter uma aula diferenciada já é um ponto
positivo para tentar despertar o interesse no aluno e, segundo o artigo de número 36 da
Lei de Diretrizes e Bases, o professor tem como uma de suas obrigações adotar
metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a iniciativa do estudante.
O documento pode ser trabalhado pelo professor de diversas maneiras, seja
para ilustrar acontecimentos, para dar introdução a uma determinada problemática, ou
para servir de instrumento de reforço de uma ideia expressada. É importante que a
seleção desses documentos seja feita de maneira que possibilite despertar o interesse no
aluno e não o contrário, por isso é importante que o documento tenha uma linguagem
clara, não seja muito extenso e não seja de uma temática demasiada complexa para ser
explorada. Quanto à maneira de explorar o documento, é essencial que o professor saiba
direcionar os seus alunos a um ponto de vista crítico do que eles estão observando, às
vezes mais, outras vezes menos, dependendo do tipo de documentação que for
trabalhada. No caso a documentação trabalhada nesse artigo será o jornal, este deve ser
visto como uma fonte riquíssima para ser explorada na questão da capacidade de análise
e interpretação do estudante. E segundo o próprio PCN:
Na transposição do conhecimento histórico para o nível médio, é de
fundamental importância o desenvolvimento de competências ligadas
à leitura, análise, contextualização e interpretação das diversas
fontes e testemunhos das épocas passadas – e também do presente.
Nesse exercício, deve-se levar em conta os diferentes agentes
sociais envolvidos na produção dos testemunhos, as motivações
explícitas ou implícitas nessa produção e a especificidade das
diferentes linguagens e suportes através dos quais se expressam
(PCNEM, 1999).
Para se analisar o conteúdo de um jornal, o estudante deve ter em mente que
aquilo que está em suas mãos, além de se ser um registro do passado, também é ou foi
um produto comercial. O jornal está sempre vinculado a alguma instituição e esta possui
as suas influências e interesses que através de suas publicações procuram defender e
propagar. Depois disso ainda tem a questão da participação do jornalista que redigiu a
notícia, afinal, uma informação produzida por alguém muitas vezes não consegue ser
totalmente imparcial. Por isso, ao se analisar tal fonte, é importante que o professor
destaque a qual instituição o jornal está ligado e explique o contexto histórico da época,
porque diferentemente de um historiador, o aluno não tem conhecimento prévio daquele
contexto, por isso é necessário que o professor tome as devidas providências antes de se
começar a trabalhar com o documento, isso claro dependendo da forma com a qual ele
vai explorar o jornal. Quando se utiliza de tal metodologia, o professor deve fazer com que
os alunos consigam ler nas entrelinhas do papel, que consigam enxergar que um
documento histórico não é uma verdade absoluta, que ele está sujeito a interesses, deve
destacar também a relatividade das opiniões de acordo com o posicionamento, seja de
uma instituição ou de uma pessoa.
A capacidade de analisar um documento, mais especificamente o jornal, de
maneira crítica, trás para a vida prática do estudante uma contribuição enorme no que diz
respeito ao seu entendimento da complexa vivência em sociedade. O aluno aprender a
perceber que as notícias vinculadas em meios de comunicação possuem um teor de
relatividade, dependendo de sua vinculação e momento que esteja vivenciando, é de
fundamental importância para ele se tornar um cidadão crítico. E isto está intimamente
ligado com a maturação de uma consciência histórica, pois a partir do processamento de
conhecimentos de fatos passados, os alunos conseguirão desenvolver uma capacidade
de analisar sua situação presente e dessa maneira melhor se orientarem em suas ações.
E ainda, segundo o filósofo Hans-Georg Gadamer, a consciência histórica é o privilégio do
homem moderno de ter plena consciência da historicidade de todo o presente e da
relatividade de toda opinião. E tal capacidade de analisar criticamente o universo de
informações caóticas que cercam os estudantes é uma competência que está dentro dos
próprios Parâmetros Curriculares Nacionais. Ou seja, é uma capacidade essencial que se
espera que o aluno desenvolva com o ensino básico, como podemos observar no
seguinte trecho:
Na perspectiva da educação geral e básica, enquanto etapa final da
formação de cidadãos críticos e conscientes, preparados para a vida
adulta e a inserção autônoma na sociedade, importa reconhecer o
papel das competências de leitura e interpretação de textos como
uma instrumentalização dos indivíduos, capacitando-os à
compreensão do universo caótico de informações e deformações que
se processam no cotidiano. Os alunos devem aprender, conforme
nos lembra Pierre Vilar, a ler nas entrelinhas. E esta é a principal
contribuição da História no nível médio. (PCNEM, 1999).
Atividade prática
No período que estávamos desenvolvendo a pesquisa, resolvemos fazer uma
intervenção em sala de aula para colhermos dados e tentar por em prática o que estamos
pesquisando, no caso, a utilização de documentos históricos em sala de aula. A intensão
de realizarmos um trabalho em sala de aula desta natureza, direcionado especificamente
as turmas de terceiro ano, não foi aleatória, pois, se trata de uma turma que está prestes
a concluir o ensino médio na rede pública de ensino, e uma de nossas intenções foi saber
se nos anos anteriores os alunos participaram
do tipo de atividade que fizemos com eles
e como, a partir da realização desta atividade, eles avaliam esse tipo de abordagem de
ensino de história. Essa experiência foi muito válida para compreendermos que trabalhar
com documentos em sala de aula é de grande importância no processo de aprendizagem.
Buscamos trabalhar especificamente com anúncios publicitários e matérias do
jornal
A Ordem
, inaugurado em julho de 1935, pertencente à Arquidiocese de Natal. Este
jornal se encontra no arquivo público da arquidiocese de Natal, atualmente em fase de
organização documental, para então poder atender a todos os interessados em realizar
pesquisa nos arquivos disponibilizados pela instituição. Considerando os poucos centros
documentais existentes na cidade, esse, depois de concluído, será de suma importância
para os interessados. Assim, entre outros, os professores de ensino básico terão mais
uma opção para poder adquirir fontes documentais para serem utilizadas em sala de aula.
Voltando a nossa atividade em sala de aula, elaboramos um questionário
dividido em duas partes. Na primeira, os estudantes respondiam duas perguntas
relacionadas, que tinha como propósito saber se ao longo de suas vidas escolares, até
então, haviam participado de alguma atividade semelhante a esta. Na segunda parte do
questionário eles responderam após a atividade realizada, fazendo uma avaliação da
metodologia que aplicamos. Notamos então, que os dados da primeira parte do
questionário mostraram que cerca de 60% dos estudantes nunca haviam utilizados
documentos históricos na forma com a qual foi abordada e que grande parte dos 40% que
já participaram de alguma atividade semelhante a essa responderam que foi satisfatória
quando o professor propôs esse tipo de atividade, mas não como foi abordada durante
nossa intervenção de maneira crítica e reflexiva, buscando contextualizar as informações
a época vivenciada pelos autores, assim descontruindo possíveis julgamentos prévios
com os olhos de hoje, aprendendo também como ler as entrelinhas das informações
contidas em quaisquer documentos, mas no caso específico nosso, o jornal, que
escondem intenções particulares, ideologias políticas e religiosas, vinculados às partes
envolvidas na informação.
Na segunda parte do questionário, boa parte dos estudantes, afirmaram que
esse tipo de atividade foi válida, pois auxiliou-os a abrirem os olhos para uma realidade
até pouco tempo mal explorada. Muitos não sabiam como analisar criticamente os meios
de informação atuais que jogam notícias, na maioria das vezes, passíveis de dúvida. De
certa forma, ao analisarem informações de épocas anteriores da maneira como os
orientamos a fazerem, assimilaram a finalidade da atividade e deixaram de aceitar a
verdade imposta nas informações repassadas de forma acrítica e passaram a entender a
relatividade da verdade. Assim, aplicando até mesmo em outras concepções que eles têm
em relação à sociedade. Essa foi a conclusão a qual chegamos depois de analisar as
respostas dos alunos ao questionário que passamos, como podemos observar nessas
respostas: “Pois mostrou uma maneira nova de debatermos os assuntos. Uma maneira
mais interessante, onde podemos entender mais, pois nos mostra que devemos ter um
lado crítico, sobre entender melhor para darmos nossa opinião.” ; “Me ajudou a analisar
criticamente as informações dos dias de hoje com as de antigamente”. Outro aspecto que
nos chamou atenção foi a participação efetiva de boa parte dos estudantes durante um
debate no decorrer da aula, utilizando o diálogo entre passado e presente que esta
atividade propôs a enfatizar. Algo interessante a ser destacado é que conseguimos
mostrar que a disciplina de história pode ser trabalhada pela participação efetiva entre
professor e estudante e dessa maneira se tornar prazerosa e muito mais além disso, ser
útil no cotidiano de ambas as partes envolvidas nesse processo de aprendizagem.
Nossa intenção de realizar uma atividade com documentos históricos, da
maneira com a qual achamos adequada, não foi apenas voltada para a questão do
estudante em si, mas, também saber se os professores da escola tinham essa
consciência da importância deste tipo de atividade no processo de renovação do ensino
de história e seus benefícios. Procuramos saber se eles vêm utilizando os documentos
históricos na sala de aula, e mais que isso, como trabalham e qual a finalidade desta
atividade para eles.
A nossa conclusão, no entanto, não foi a esperada. Todos os professores
entrevistados afirmaram ter utilizado, mas não com uma regularidade expressiva. Tal
motivo, dentre outros, deve-se a falta de acessibilidade aos documentos, por alguns
mencionados. O que é interessante de destacar é que mesmo não utilizando com a
frequência desejada, afirmaram ser uma maneira mais prática de aprender e que, ao
realizarem este tipo de atividade, atingiram seu propósito. Mas o propósito que vemos em
utilizar documentos históricos em sala de aula é muito mais que tornar o ensino mais
prático, como vimos em uma das respostas, mas sim despertar uma consciência crítica do
discente, juntamente com o objetivo de transformá-lo em um sujeito ativo dentro da
construção do saber.
Fazendo uma análise deste tipo de atividade tanto do lado dos docentes
quanto dos discentes, compreendemos a necessidade imediata de revermos o que
realmente buscamos como propósito no ensino de história como disciplina escolar. No
lado dos alunos, percebemos que as aulas tradicionais não atendem mais suas
exigências enquanto estudantes e cidadãos viventes numa sociedade em constante
transformação. Por isso, buscar novas metodologias para o ensino de história é
necessário para formarmos cidadãos críticos e buscar alternativas de ensino voltadas a
sair da rotineira aula de história que atualmente é dominante nas salas de aula. E isso
também terá um papel fundamental para desconstruir a imagem da disciplina vista pelos
alunos como chata e que não tem sentido esse tipo de aprendizado. Assim um trabalho
com documentos históricos se bem trabalhados, seria uma alternativa interessante numa
possível mudança de concepção da disciplina pelos estudantes.
No que se refere ao educador, este no processo de aprendizagem escolar
tem um papel principal, ao lado do estudante, apesar da nossa população em geral não
dá o valor necessário que esse profissional tem na construção da sociedade. Esses
profissionais, considerando suas condições de trabalho e dificuldades impostas no seu dia
a dia, têm nos documentos históricos um tipo de atividade que ajudaria de forma positiva
os seus educandos a terem uma formação escolar voltada para a construção do individuo
e muito mais que isso, um cidadão crítico de sua sociedade.
Considerações finais
A partir da pesquisa e da atividade realizada com os alunos e professores,
pudemos perceber que existe um considerável grau de deficiência no que diz respeito ao
ensino de história na educação básica (especificamente, o Ensino Médio). Muitas
perguntas passaram a surgir logo após a nossa pesquisa. Qual a melhor forma de se
trabalhar história em sala de aula? Como se fazer para que o ensino de história passe a
explorar o caráter crítico dos alunos, mesmo com as precárias condições de trabalho dos
docentes? Qual a melhor forma podermos auxiliar os professores da rede pública na
seleção e utilização de documentos no planejamento de aulas? É através de perguntas
como estas que podemos repensar uma nova forma de lecionar história visando formar
verdadeiros cidadãos aptos a terem participação ativa nas transformações do mundo que
os cerca.
Ao ler os questionários destinados aos alunos que participaram da nossa
atividade, bem como ao analisar os depoimentos de alguns docentes, vimos que, o
simples estímulo à análise crítica foi o suficiente para tornar as aulas de história mais
sedutoras aos discentes, além de despertar nestes uma nova forma de encarar as
informações que recebem dos vários veículos de informação, relacionando-os com
documentos de outras épocas e despertando neles a habilidade de comparar, de
perceber tendências e ideologias presentes nas informações, se utilizando dessa maneira
de um conhecimento passado para orientar seu pensamento em perspectivas do
presente, em outras palavras, passando a fazer uso de sua consciência histórica.
Referências bibliográficas
BEZERRA, Holien Gonçalves. Ensino de história: conteúdos e conceitos básicos. In:
KARNAL, Jaime (Org.).
História na sala de aula:
conceitos, práticas e propostas. 2. ed.
São Paulo: Contexto, 2004. p. 37-48.
BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Uso didático de documentos. In:______.
Ensino
de história:
fundamentos e métodos. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2011. p. 325-350.
CERRI, Luis Fernando.
Ensino de histórica e consciência histórica:
implicações didáticas
de uma discussão contemporânea. Rio de Janeiro:
FGV, 2011.
NASCIMENTO, Jairo Carvalho do. O uso de documentos e a construção do conhecimento
histórico. In:
ANAIS do III Encontro Estadual de História
: Cultura, Poder e Diversidade.
Bahia, 2007. Disponível em:
<http://www.uesb.br/anpuhba/artigos/anpuh_III/jairo_carvalho.pdf>. Acesso em: 30 jun.
2012.
PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla Bassanezi. Por uma história prazerosa e consequente. In:
KARNAL, Jaime (Org.).
História na sala de aula:
conceitos, práticas e propostas. 2. ed.
São Paulo: Contexto, 2004. p. 17-36.
RUSEN, Jorn. Pragmática – a constituição do pensamento histórico na vida prática.
In:______.
Razão histórica:
teoria da história, fundamentos da ciência histórica. Brasília:
UNB, 2001. p. 53-94.
SCHMIDT, Maria Auxiliadora; BARCA Isabel; MARTINS, Estevão de Rezende. In:_____.
Jorn Rusen e o ensino de história.
Paraná: UFPR, 2010.
SCHMIDT, Maria Auxiliadora; GARCIA, Tânia Maria F. Braga. A formação da consciência
histórica de alunos e professores e o cotidiano em aulas de história. In:
Caderno CEDES.
Campinas: vol 25, n. 67, p. 297–308. 2005. Disponível em: <
http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v25n67/a03v2567.pdf>. Acesso em: 6 jul. 2012.
THEODORO, Janice. Educação para um mundo em transformação. In: KARNAL, Jaime
(Org.).
História na sala de aula:
conceitos, práticas e propostas. 2. ed. São Paulo:
Contexto, 2004. p. 49-56.
XAVIER, Erica da Silva. Ensino e história
:
o uso das fontes históricas como ferramentas
na produção de conhecimento histórico. In:
Anais do
VIII Seminário de Pesquisa em
Ciências humanas.
Londrina, 2010 Disponível em:<
http://www.uel.br/eventos/sepech/sumarios/temas/ensino_e_historia_o_uso_das_fontes_h
istoricas_como_ferramentas_na_producao_de_conhecimento_historico.pdf.>.Acesso em:
9 jul. 201POSTADO POR: EDMUNDO SANTOS
Esta postagem tornou-se bastante importante para o meu aprendizado.
ResponderExcluirEspero que ajude meus colegas e os inspirem a postarem algo!!!
Muito bom, realmente este conteúdo se torne indispensável no meio acadêmico. Show de bola
ResponderExcluir